A Marcha de Ituzaingó é uma peça instrumental executada em todas as cerimônias e atos oficiais em que intervém o Presidente da Argentina. Juntamente com a bandeira nacional e o bastão, completa os três símbolos do cargo presidencial argentino. Tem sido executada desde maio de 1827, com um intervalo entre janeiro de 1846 e agosto de 1859, quando foi substituída pela Marcha de San Lorenzo.
Costuma-se atribuir a autoria da Marcha de Ituzaingó ao Imperador D. Pedro I, que teria composto a peça e ofertado a Felisberto Caldeira Brant Pontes de Oliveira Hora - o Marquês de Barbacena, comandante das tropas na Guerra da Cisplatina, para ser tocada em comemoração à primeira vitória obtida contra as forças argentinas e orientais.
Algumas pesquisas foram realizadas na região de Rosário do Sul, na fronteira gaúcha, em busca de vestígios da maior batalha já travada em solo brasileiro – o combate do Passo do Rosário, ocorrido em 20 de fevereiro de 1827 entre os exércitos do Império do Brasil e das Províncias Unidas do Rio da Prata (Argentina).
Para comemorar o sucesso do exército brasileiro, o qual dava como vencida a campanha, D. Pedro I teria mandado compor a Marcha da Vitória (ou ele mesmo a teria composto). Entretanto, em um confronto cujo resultado é motivo de discórdia até os dias de hoje, os castelhanos levaram a música como troféu.
Além de cantar a vitória, os argentinos rebatizaram a música como Marcha de Ituzaingó – a versão castelhana para o nome Passo do Rosário e, além disso, anunciaram que o próprio Pedro I criara a obra. Desde então, a peça tem sido tocada nos quartéis e nas cerimônias oficiais em que participa o Presidente da Argentina.
As pesquisas em Rosário do Sul foram realizadas pela entidade Campos de Honra, do Uruguai, a partir de 2013. A entidade reúne cientistas, militares e especialistas em diversas áreas, como arqueólogos e museólogos. Além de objetos como fragmentos de utensílios e armamentos, procuram também pistas sobre a origem da referida Marcha.
Sobre a autoria, o pesquisador Carlos Fonttes, delegado da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, em Uruguaiana, afirma que não se pode provar que a Marcha foi composta por D. Pedro I, uma vez que a partitura não está assinada. Mas, por outro lado, também não se pode negar a autoria do Imperador apenas com base nessa informação.
No lado argentino, o historiador Luís Furlan confirma a existência da Marcha, executada pela primeira vez em 25 de maio de 1827 – três meses após a batalha. A partitura está registrada no Instituto Universitário Nacional de Arte – Departamento de Artes Musicais, em Buenos Aires, sob número CP41-1293.
Entre as versões de como a música foi apreendida, uma delas afirma que a partitura estava num baú abandonado por soldados da banda imperial durante a retirada. Incontestável é que a Argentina adotou oficialmente a Marcha, que vem sendo executada até os dias de hoje.
- Ituzaingó: a história do hino brasileiro que teria sido roubado por argentinos.
- 175 Anos da Batalha de Passo do Rosário.
Partitura da Marcha de Ituzaingó disponível para download (transcrição para piano de Federico Villalba).