A Bossa Nova uniu a música tradicional, o samba, com uma harmonia mais sofisticada, modernizando e internacionalizando a música popular brasileira. Oficialmente, diz-se que a Bossa Nova começou num dia de agosto de 1958, quando chegou às lojas de discos um álbum duplo de 78 rotações, do selo ODEON, do cantor e violonista João Gilberto. Mesmo que alguém conteste essa idéia, alegando que já havia uma predisposição para o aparecimento desse novo jeito de se fazer música, ninguém discorda que o disco de João Gilberto é um marco, pois trazia uma interpretação inovadora para a música que dava título ao LP, Chega de Saudade (de Tom Jobim e Vinícius de Moraes), com uma “levada” de violão originalíssima e um estilo de cantar totalmente coloquial.
João Gilberto é hoje um dos mais festejados artistas brasileiros, justamente porque sua trajetória se confunde com o gênero Bossa Nova. A sua já falada “batida” de violão e seu jeito coloquial de cantar tornaram-se características do gênero musical que se tornou um símbolo do Brasil no exterior. Antes de lançar seu disco, João já havia participado, com seu violão moderno, de outro importante disco do novo gênero. Trata-se de Canção do Amor Demais, da cantora Elizeth Cardoso. A canção que dava título ao disco também era de Tom e Vinícius, considerados os “papas” da Bossa Nova.
Tom Jobim e Vinícius de Moraes deixaram uma obra vastíssima com músicas que hoje são grandes sucessos: Garota de Ipanema, Chega de Saudade, Canção do amor demais, Se todos fossem iguais a você, Eu sei que vou te amar, entre outras. Tom teve outros parceiros também. Newton Mendonça é autor da letra em Samba de uma nota só e Desafinado, dois grandes sucessos do gênero.
É importante registrar o famoso show do Carnegie Hall em Nova Iorque, realizado em 1962, quando Tom Jobim e Vinícius de Moraes, ao lado de outros artistas, apresentaram suas canções à América. O show rendeu diversos convites de trabalho e abriu as portas para a música brasileira. Frank Sinatra passou a gravar vários sucessos da dupla brasileira, como Garota de Ipanema, a música mais gravada em todo o mundo.
Helô Pinheiro era ainda era quase uma menina, quando tornou-se a musa inspiradora da música mais conhecida do mundo. Vinícius costumava contar que toda vez que a jovem passava em frente ao famoso Bar Veloso, onde hoje se encontra o Bar Garota de Ipanema, na esquina da Rua Vinícius de Moraes em Ipanema, ele achava demais! A inspiração pela musa se deu mesmo na mesinha do Veloso, mas os parceiros não escreveram a canção ali, entre copos de cerveja. Vinicius, em sua casa em Petrópolis, mostrou a letra a Tom, que, por sua vez, a musicou em sua própria residência, na rua Barão da Torre.
A Bossa Nova é um gênero musical que já comemorou seus 50 anos de atividades! Ainda está viva na produção contemporânea. Muitos artistas brasileiros mantêm seu trabalho atrelado ao gênero. Nos anos posteriores ao lançamento de Chega de Saudade, muitos artistas se destacaram:
Roberto Menescal – um dos mais influentes artistas ligados à Bossa Nova. Produtor, arranjador, compositor (O Barquinho), cantor e violonista (guitarrista) é um dos mais ativos representantes do gênero no Brasil e no mundo.
Carlos Lyra – um dos grandes compositores do gênero. É autor das músicas de um importante espetáculo chamado “Pobre Menina Rica”, que realizou com Vinícius de Moraes.
Wanda Sá – a cantora, compositora e violonista tem atuado ao lado de Menescal, no Brasil e no mundo, principalmente no Japão.
Joyce – a compositora, violonista e cantora também garantiu seu nome no seleto time da Bossa Nova. Atua no Brasil e no exterior, sempre com muito sucesso.
Tamba Trio – um dos mais importantes conjuntos de Bossa Nova. Conjunto formado pelo já falecido Luiz Eça (piano, voz e arranjos), Bebeto Castilho (contrabaixo, flauta, sax e voz) e Hélcio Milito (bateria, percussão e voz). Primeiro grupo estável de música instrumental, que tocava bossa nova e que exerceu substancial influência nos padrões de execução musical fora do canto e do violão.
Johnny Alf – o pianista, compositor e cantor é considerado um precursor da Bossa Nova, pelo estilo de tocar seu piano moderno.