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Órgão

É o instrumento de teclado mais antigo, considerado o mais complexo de todos os instrumento musicais.

Como funciona?

São constituídos de um grande sistema de tubos de madeira e metal, um dispositivo pneumático - os foles, e um console que contém os teclados, os registros e os pedais. Seus sons são emitidos através da passagem do ar sob pressão por dentro de seus tubos, que tem seu mecanismo acionado pelos teclados. Devido aos diferentes tamanhos e formatos dos tubos, o órgão de tubos produz uma grande variedade de sons.

Um pouco de história...

O órgão é o instrumento de teclado mais antigo, cujas descrições de alguns engenheiros greco-romanos remontam sua criação por volta do século 3 a.C. Era chamado de órgão hidráulico e dependia da água, ativada por fontes naturais como uma cachoeira, para produzir e empurrar o ar comprimido para dentro dos tubos.

A partir do século 4 d.C., tal princípio foi substituído pelo pneumático, no qual o fornecimento de ar se dava por meio de foles operados manualmente. Mas foi no século 10 que os órgãos de tubos foram introduzidos nas igrejas ocidentais e passaram a ser construídos tamanhos diversos. É um dos instrumentos musicais que mais impressiona por sua imponência.


Órgão de tubos de Christian Müller (séc. 18)
Igreja de Saint Bavo em Haarlem - Holanda


Órgão de tubos (séc. 18)
Convento de Jesus em Aveiro - Portugal

Um dos relatos mais antigos que fazem referência aos órgãos no Rio de Janeiro são os encontrados no Mosteiro de São Bento, datados de 1562, que demonstram os gastos com um órgão positivo (um instrumento pequeno, com tubos leves e menores e por isso era fácil de ser movimentado como uma peça de mobília; possuía apenas um teclado e seus foles eram acionados por um ajudante): "despesas em peles para o órgão e esteiras, e mais miudezas... 45$320 réis". 

Já no século 17, em 1663, um realejo (termo utilizado em português para também designar um órgão de tubos portátil) foi colocado no mesmo mosteiro: "pôs-se na igreja um realejo que custou 16$400 réis".

No século 18, em 1786, durante as comemorações do casamento dos infantes D. João VI e D. Carlota Joaquina realizadas nos arredores do Passeio Público no centro da cidade, um órgão positivo com seu organista e foleiro compunham o último carro alegórico do desfile.

Os inúmeros anúncios de vendas de instrumentos musicais dos jornais cariocas do século 19 demonstram que estes dois tipos de órgãos pequenos, os positivos e os realejos, foram muito utilizados na cidade e não somente nas igrejas. Em 10 de outubro de 1818 a Gazeta do Rio de Janeiro anunciava: "Para aprender por atacado e miúdo na Rua detrás do Hospício n.9, e na Rua do Ouvidor n.4 A Saber: (...) Guitarras, orgãos e realejos pequenos". 

Os grandes órgãos de tubos que passaram a fazer parte das igrejas do Rio de Janeiro provavelmente a partir do século 17, ainda podem ser vistos em algumas igrejas do centro da cidade, como o órgão do construtor francês Cavaillé-Coll (1811-1899) da Igreja Nossa Senhora do Carmo da Lapa e do Mosteiro de São Bento, construído em 1945 pelo alemão radicado no Brasil Guilherme Berner (1907-1951).

 No Salão Leopoldo Miguez, na Escola de Música da UFRJ, também encontra-se em funcionamento um órgão italiano da Fabbrica D'Organi Comm. Giovani Tamburini, inaugurado em 1954.


Fachada do órgão de tubos de Agostinho Rodrigues Leite (séc. 18)
Igreja do Mosteiro de São Bento - RJ

Órgão de tubos de Cavaillé-Coll (séc. 19)
Igreja Nossa Senhora do Carmo da Lapa - RJ

Órgão de tubos de Giovani Tamburini
(séc. 20)
 Escola de Música da UFRJ

Além dos órgãos sobreviventes no Rio de Janeiro, dois outros instrumentos dos tempos  coloniais e localizados em Minas Gerais merecem ser citados: o órgão da Matriz de Santo Antônio em Tiradentes que veio de Portugal por volta de 1788 e o órgão alemão da Catedral da Sé de Mariana construído na primeira década do século 18. 

Assista ao vídeo abaixo e confira o órgão da Matriz de Santo Antônio, em Tiradentes/MG.


Órgão de tubos de Simão Fernandes Coutinho (1788)
Matriz de Santo Antônio em Tiradentes - MG


Órgão de tubos de Arp Schnitger (início séc. 18)
Catedral da Sé em Mariana - MG (foto: Eduardo Trópia)